segunda-feira, setembro 14, 2009

O roque errou

Na distante década de cinqüenta, o mundo queria viver embalado pelo belo sonho da vida americana, mesmo que em terras tropicais. Todos queriam ter a sua família sorridente, casa de cercas brancas e lindos filhos. Getúlio ainda era presidente – pelo menos até 1954 – e o pós-guerra dava toda a tônica necessária para se engolir qualquer sonho pré-fabricado.

Nesta mesma década surge o rock. Ainda muito influenciados pelo blues, jazz, folk e country, os negros foram os primeiros a mostrar a grande novidade ao mundo: um tapa na cara, perigoso, subversivo e, sobretudo, adolescente. Obviamente não foi bem recebido por uma maioria, mesmo que talvez a sua intenção fosse exatamente essa. Com o tempo, o rock acabou se moldando aos padrões de “normalidade” – mudando de Chuck Berry para Elvis Presley –, e, na década seguinte, toda senhora gostaria de ter uma filha casada com um rapaz de Liverpool, enquanto Jagger e sua trupe eram vistos com maus olhos.

Como em qualquer boa história, surgem os vilões e os mocinhos, e seguindo esta mesma lógica, os “mocinhos” insistem em ganhar no fim das contas. Se o roque nasceu sujo e rebelde, rapidamente o vestiram em boas roupas e o deixaram apresentável. O roque virou moda, e ser roqueiro, por mais esdrúxulo que pareça, virou sinônimo de status.

Hoje em dia para ser rebelde e lutar contra os “grilhões da sociedade” é necessário investir uma quantia considerável de dinheiro. Camisetas de banda são artefatos de luxo, assim como botas, calças e toda uma parafernália de couro e correntes. Há um uniforme muito bem definido para ser aceito no meio. O que antes servia como forma de liberdade, um reduto dos que queriam não seguir nenhuma regra, um conforto para os “excluídos” das grandes massas, virou um circulo excludente, um grupo seleto e com regras bem rígidas e delimitadas.

Se antes tínhamos a imprudência e a agressividade de Ozzy Osbourne e Sid Vicious, hoje temos garotos bem comportados e vestidos como em um desfile de moda. Se antes tínhamos músicas e letras que falavam sobre festas, liberdade, revolta, e iam de encontro ao conformismo, hoje temos letras que em nada se diferenciam de outros estilos mais comerciais.

Sim, o roque falhou miseravelmente. Ao ser tocado pela grande mídia, sua ideologia fora transformada em consumo, foi amansada e desfigurada. Para conseguir sobreviver, acabou se fechando nele mesmo, se tornando repetitivo e arcaico, um processo alienante, quase como uma religião ou um partido conservador de direita. Os roqueiros criam rótulos, barreiras delimitando isso e aquilo pra tentar preservar um estilo puro ou não, mas que em muito já foi perdido.

3 comentários:

Anônimo disse...

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Ne-Chan disse...

Viva ao EMO!

Unknown disse...

o roque sempre erra