terça-feira, setembro 26, 2006

Maior que tudo

...E tinha um sorriso nos lábios, típico de quem esconde lágrimas. Falou besteiras como quem afasta lembranças e todos riram com – por – ele. Já era tarde e a festa ha muito tempo terminara. Os convidados saiam ruidosos deixando toda a sujeira para trás. Coube a ele a tarefa da limpeza...

Sobrou no temido e esperado silêncio. Encarou as sobras e não soube o que fazer. Sentou e substituiu o riso pelo choro. Enterrou a cabeça nas mãos e uniu os joelhos feito criança. Olhando as fotos, sentiu a pontada amarga e azul no peito. Soube que no passado, tudo fora melhor; apenas por ser passado. As coisas tinham uma nova cor à distância.

Viu como o amor era mais bonito se não podia ser concretizado, como a dor era mais poética se não podia ser apaziguada. A separação imprimia uma perfeição estranha na vida. Lembrou dos seus primeiros anos e viu como tinham sido melhores, os amigos, as festas e tudo mais. Lembrou que já foi mais esperto, que já leu mais, das cartas de amor para a garota que ele tanto queira reencontrar – mas no fundo sabia que se a encontrasse, perderia toda a paixão.

O ato de conquistar era mais prazeroso que a própria recompensa. Ergueu a cabeça e soube nessa hora que tudo só era bom, pois tinha sido fantasiado. Que a saudade só era boa por ser falsa.

E por isso voltou a chorar antes de arrumar a casa...

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que se deve fantasiar o amor, sofrer por ele e viver cada uma das etapas que o amor pode oferecer. E porque não até morrer por ele? Mas ainda assim, prefiro vivencia-lo!