quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Road Trip, Bad Trip

Em uma bela quarta-feira, sem o menor propósito do dia, Mateus acordou tarde. Rolou ainda alguns minutos na cama antes de se levantar. O chuveiro havia queimado e foi trazido do sono por um banho frio. Enxugou os cabelos curtos em sua toalha velha e saiu para a rua. Andou alguns quarteirões até parar em uma esquina e começar a pedir carona.

Depois de duas horas parado, passou por ele uma Kombi vinda de Porto Alegre. Toda decorada com motivos indianos e cores chamativas, saiu de dentro dela um exemplar vivo de que o tempo pode ser estático para algumas pessoas; algo como uma fotografia, onde o mundo continua a correr, enquanto naquela imagem... Mateus pensou que não seria uma boa metáfora e não continuou com o pensamento. Apenas entrou na Kombi.

Miguel viajava pela América do Sul com sua família. Sua esposa, Maria, trazia uma criança recém nascida em seus braços, e com o seio descoberto, amamentava. Mateus sorriu, e toda a sua gentileza foi resumida neste gesto. Miguel contou viagens por estradas Uruguaias e os sabores dos fumos distantes. Pregava a liberdade, recusava-se a se alimentar de outros animais...

Mateus apenas olhou o asfalto e ouviu. Lembrou das estórias que sua avó contava quando era mais moço e pensou como tudo que passou parece ser bem mais fácil e melhor do se achava na época. Pensou em como aquela conversa era chata e como tudo aquilo lhe parecia uma grande besteira.

Depois de uns trezentos metros pediu para parar. Ali já estava bom, ele disse. Já tivera aventuras demais por um dia. Tinha que voltar logo para casa, antes que perdesse o ponto do emprego.

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