sábado, setembro 27, 2008

Os perigos da arte contemporânea

Ouvi rumores tempos atrás, sobre uma pérola da arte contemporânea: um sujeito amarrou o cachorro em uma exposição, e lá o animal ficou até definhar e morrer. Perdoem-me os defensores dos pobres animaizinhos, mas achei sem dúvida nenhuma uma idéia bem divertida; na verdade, ainda achei pouco. Soube que uma turma da escola de belas-artes da Bahia, nos idos da década de setenta, certa feita colocou um gato em uma prensa só para ver como seria o resultado artístico; vemos que a faculdade de artes plásticas da cidade do finado São Salvador mostra-se vanguardista desde sempre...

Pois bem, creio que alguns pensarão algo do tipo “se você acha tão engraçadinho, por que não se amarra até morrer?”, ou “cretino”, ou mesmo “playboy filho da puta”... Vejam bem: não acho que esteja na minha hora ainda – não atentei ao chamado do bom Deus –, e muito menos fui eu o responsável pela morte da criaturinha. Acontece, “amigos”, que alguém falou que se tudo é arte, nada é arte ou alguma besteira que o valha. Basta apenas uma peça idiota e um nomezinho com um conceito bem elaborado e tudo está genial.

Arte conceitual e/ou contemporânea me parece uma rua de mão dupla. Vendo um documentário intitulado “Quem tem medo de arte contemporânea?”, alguns artistas afirmaram que objetivavam desmitificar a arte enquanto elitista e intocável, por isso estas novas linguagens. Por isso os objetos do cotidiano são trazidos à tona com grande freqüência; uma idéia já usada por um tal de Duchamp e reutilizada pelo popular Andy warhol.

A ruptura do citado artista francês foi necessária, e também um grande marco de libertação para a história da arte. Seus filhos diretos, representantes da Pop Art americana entenderam perfeitamente a mensagem ao seguir com uma arte baseada no banal e sem grandes questionamentos existenciais: se foi feito por um artista...

A grande questão neste caso, diferente do ocorrido na década de cinqüenta, é que não obrigatoriamente ao trazer objetos comuns à arte, estamos aproximando público e artista. A bem da verdade, esta equação parece-me inversamente proporcional. Para uma tela geometrizada e monocromática, temos duas páginas e meia de conceito, e a cada mil palavras, menos que uma imagem.

É engano pensar que seria preciso nivelar por baixo para ter um grande alcance e é extremamente perigoso achar que o cidadão brasileiro mediano não está apto a este desafio. O resultado é que desta maneira, a arte fica restrita ao artista; uma panela fechada e excludente, elitista e intocável... Claro que as obras não precisam de bulas para serem entendidas. O objeto é orgânico e sentimental, não um amontoado de regras; porém, antes de tudo, o artista plástico é um comunicador visual e sensorial. Se a mensagem não é captada, se ele não consegue guiar a percepção do seu público, não se faz entender, sabemos onde – ou de quem – é o problema!

terça-feira, setembro 16, 2008

Adeus Amor

Já tem algum tempo que eu venho ensaiando escrever alguma coisa. Sempre tenho várias idéias, mas ultimamente... Não sei se é falta de tempo, preguiça, falta de prioridades... Faço aniversário de hiato literário – se é que pode-se chamar isto de literatura.

Tinha planos de escrever alguma coisa séria: uma menina foi estuprada na UFBA (universidade Federal da Bahia), maravilhosas campanhas políticas, chacinas aqui e acolá, coisas pequenas, coisas grandes. Acontece que tudo mudou. Escutei Waldick Soriano e tudo mudou.

Sempre gostei de canções tristes, sofridas. Já ouvi muito Waldick e principalmente Nelson Gonçalves, sempre acompanhados de alguns goles de cerveja e uma conversa nostálgica com meus tios. Esses dias, simplesmente tive uma vontade muito grande de escutá-lo. Estou pensando em Waldick Soriano como um primeiro passo; quero conhecer outros cantores desta mesma época e com o mesmo clima.

Não acho engraçadinho, realmente gosto.

Já estava pronto pra dormir, quando me deu uma certa vontade de externar isso, sem o menor propósito.

Gosto de músicas velhas.

Gosto de músicas sofridas.

Gosto do amor dos e nos bordeis do passado.

Concordo com Patrícia Pillar.

Gosto de Waldick Soriano!